Abre-caminho.

quarta-feira18, junho, 08

pardal_comu

Hoje aconteceu um tipo de sopa ou creme inspirada num prato moçambicano que comemos uma vez na casa da Marta. A base é cozinhar bastante pedaços de abóbora Hokkaido (tenho preguiça então comprei cortada e descascada na feira. Hokkaido é uma ilha no Japão onde aposto que a comida é incrível mas que andou meio mal frequentada ultimamente). Quando A Bóbora estiver mole junte um vidrinho de leite de coco e os temperos: alho, gengibre e pimenta dedo-de-moça – pra abrir caminho. Deixe apurar, ponha sal, acerte e pronto. A Marta naquele dia caprichou no alho. Eu coloquei um dente de alho, uma lasca boa de gengibre e meia pimentona, tudo bem picadinho. E mandei ver coentro, por que algo me dizia que ia coentro,

a cultura a civilização
elas que se danem ou não
eu gosto mesmo
é de comer com coentro
(Gilberto Gil)

Não precisa colocar se não quiser. Fica sendo assim uma receita livre, A Bóbora Sul-Sul do poder popular.

Receita perfeitamente vegana, vejam só!

3 Respostas to “Abre-caminho.”

  1. olivia said

    o gil, como ministro, continua sendo um grande compositor!
    a cultura, enquanto conceito, continua a não servir pra nada, mas é bonitinha.

    coentro e leite de côco detonam. hoje rolou uma moqueca classe A no almoço =)

    beijoca, tia!

  2. stella said

    (bota A na classe dessa moqueca que a olivia citou aí em cima – ou embaxio? não sei onde meus comentários vão aparecer!)

    Agora, Júlia, li o texto que você me enviou. conheço pouco do movimento anti-globalização (ou alter-mundialista? me soa mais propositivo na proposta (!), mas não sei até que ponto a proposição é mera retórica. nem se a proposição não é jogar as regras do jogo do que não é o ‘alter’, hoje.), e me surpreendi ao saber que o lema era ‘estamos ganhando!’. e acho que a surpresa foi negativa por saber que ESSE era o lema, mas positiva por saber que esse ERA o lema. (as maiúsculas se fazem necessárias aqui).

    O texto, pra e em mim, suscita muitas questões. Te deixo uma delas. A partir disso:

    “Em parte, isto quer dizer que é preciso construir uma nova narrativa, de modo que se consiga impedir que tudo seja convertido em apenas mais uma oportunidade para que o capital aufira lucros ainda mais descomunais. Sem isto, facilmente se verá a mudança climática usada para dar suporte a um novo regime de opressão sobre os governados, e como pretexto para autorizar ‘soluções’ como aumentar a ‘segurança’ das fronteiras, na medida em que crescerão as tensões geopolíticas. Mas, se a luta visa a ganhar mais do que apenas uma disputa pela opinião pública – luta na qual sempre estamos na defensiva -, então será preciso lutar também no nível da produção e da reprodução social.”

    , como construir uma narrativa numa era em que as pessoas sequer conseguem se comunicar?

    se você preferir (eu prefiro), me responda num e-mail: stellapater@yahoo.com

    Eu ia te mandar num e-mail, mas a Olivia só me disse o endereço, e eu esqueci como é.
    E se você não me responder, eu vou te mandar um email mais elaborado. (isso não é uma ameaça, rs! – bom, talvez seja, só um pouquinho)

    Um beijo!

  3. stella said

    P.S.:
    “Os banlieues revelam um vazio no nosso conhecimento: enquanto este vazio não for preenchido pelos homens e mulheres que vivem nos banlieues – as suas palavras, nas suas vozes, encontradas nos seus próprios termos – ‘nós’ estaremos fazendo o jogo que exclue ‘eles’. Pior: ao nos propormos como intérpretes daqueles com os quais não falamos, ‘nós’ ativamente reproduzimos o mesmo jogo.”

    essa reprodução parece não cessar; esse é um dos motivos mais profundos da crise da qual eu falo.

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